terça-feira, 5 de agosto de 2014

Lúcido.

Há duas ou três noites atrás, eu tive uma experiência da qual irei me lembrar para sempre. Pude ter a felicidade de experimentar um Sonho Lúcido. Trata-se de um fenômeno onde, no meio do sonho, percebe-se que aquilo não passa de fantasia. Logo, está tudo na sua mente. É quando a pessoa se dá conta de que possui controle absoluto sobre o que se encontra à sua volta dentro do devaneio.

A sensação é uma só: maravilhamento. No meu caso, eu pude fazer algo que jamais imaginei fazer: eu levantei vôo. Literalmente. Estava na rua e, após duas tentativas fracassadas, consegui pular alto e voar. Estava de noite e eu visualizei toda uma cidade de um ângulo privilegiado, com suas luzes espalhadas. Voei por aproximadamente um minuto, até não conseguir aterrissar propriamente e bater de cara num prédio. Foi quando acordei.

Acordei feliz. Tanto que, no mesmo instante, fui postar sobre o que aconteceu no Facebook. Algo assim precisa ser registrado. Uma pena, porém, que não dá para gravar as imagens num arquivo de vídeo. Resta que eu reproduza o que vi dentro de minha mente sempre que quiser me lembrar de um momento feliz da minha vida.

Particularmente, eu amo sonhar. Penso que os sonhos, tão presentes na humanidade (e fora dela), são presentes que a nós foram entregues para fins variados. Muitos crêem nos sonhos como avisos e profecias. Outros acreditam que o sonho é um estado de espírito, ou do espírito - há a crença de que o espírito sai de nós e vaga noite afora, até retornar pela manhã. Gosto de crer que o sonho existe para nosso entretenimento, permitindo-nos vivenciar uma realidade paralela que jamais irá existir.

Seja qual for o propósito do sonho, ele existe. E, graças a ele, podemos explorar uma propriedade maravilhosa que o cérebro possui: a criatividade. O sonho existe para auxiliar a nossa mente a trabalhar melhor neste quesito. Quem nunca acordou e, logo após, teve aquela idéia extraordinária? Ou levantou-se da cama e teve um excelente dia de trabalho graças ao que viveu na noite passada?

Não é lá tão fácil, entretanto, induzir um Sonho Lúcido. Tentei, sem sucesso, por duas noites. Mas a mente é traiçoeira, e dominá-la não é tarefa fácil, senão impossível. Sobretudo na hora em que estamos mais vulneráveis. De acordo com minhas leituras, é preciso muita concentração e prática antes de ser um "Sonhador Lúcido Profissional." Se é que tal "profissão" existe, na verdade.

Não. Jamais permitiria ter o auxílio de nenhum tipo de entorpecente. Em absoluto. Houve quem me jogasse chacota nos comentários do meu post no Facebook, dizendo que eu consumi drogas. Não, meus amigos! Não sou usuário de nenhuma substância ilícita, porém posso apostar e defender que a sensação que experimentei é muito melhor do que qualquer outra que as drogas possam proporcionar - antes, durante e depois da experiência.

Pois, ao contrário destas substâncias, meu sonho não comprometeu minha fisiologia. Mesmo assim, proporcionou algumas das melhores sensações da minha vida. Liberdade, poder e felicidade foram os sentimentos que invadiram minha corrente sangüínea durante o vôo maravilhoso. O vôo literal da descoberta da minha capacidade de criar, imaginar, produzir e inventar.

Tais capacidades são o que mantém este blog no ar. Não fosse por nada disso, jamais teria iniciado esta página, que cultivo com tanto carinho. Não é tão fácil arranjar tempo para escrever sempre, mas fatos como o ocorrido e comentado neste texto fazem com que eu renove minha vontade de fazer. Isto feito, as desculpas vão embora e o tempo aparece, como num truque mágico.

Que outros sonhos venham, lúcidos ou não. Que sejam maravilhoso e inspiradores. Que me mostrem o poder que existe por trás de uma mente em repouso. Aos que ainda não experimentaram o que descrevi acima, nem se preocupem. Um dia, uma hora, vai acontecer. E quando acontecer, controle. Fantasie com o que você mais quer. E acorde feliz, renovado e revigorado!


quarta-feira, 16 de julho de 2014

Coragem.

"A vida é luta." Ouvi isto do meu terapeuta no mínimo umas 50 vezes. Por mais que ele tenha razão no que diz, ainda encontro dentro de mim uma resistência fora do normal com relação a este fato. É como se uma força interior insistisse em condenar minha carne ao fracasso, não só físico, mas também emocional e racional. Parece brincadeira, mas já há 4 anos esta força quer fazer da minha mente morada.

Não que eu queira bancar a vítima ou o coitado. Por toda a minha vida, eu já tive minha cota suficiente de auto-piedade. Interpretei o mundo da pior maneira possível. Confesso que até hoje ainda deixo escapar umas interpretações aqui e ali. Encontro-me, porém, dotado de um controle que jamais esperei ter quando mais novo. Hoje, vejo o quanto a vida nos surpreende, alicerçada nas voltas que o mundo dá.

Tudo que pretendo falar neste texto é sobre como esta "força" que citei não passa de crença estúpida. Uma imposição mental absolutamente contrária à realidade. tal força nasce de um trauma, ou de uma discussão no passado, ou de alguma declaração de alguém - importante na sua vida ou não - de que não seja possível isto ou aquilo da sua parte. O que ocorre em seguida é a absorvição das palavras - ou da experiência - para a mente, cujo papel é guardar em memória o que foi dito ou vivido.

A partir daí, a cabeça do indivíduo não tem mais espaço para nada que não seja negativo. Pensamentos os mais diversos - eu não vou conseguir, eu não sou capaz, não adianta, não vai dar, eu não presto para nada - habitam uma mente tão provida de potencial. A derrota, já deflagrada, passa a ser regra de uma vida que ainda tem muito o que percorrer. 

Uma coisa pior acontece a partir deste ponto: a acomodação. Digo pior porque enquanto o pensamento reside preso dentro dos giros cerebrais, a carne reside solta no espaço livre. Nasce, portanto, a oportunidade de escolha. Se nada prende meu corpo, então posso fazer uso dele da maneira que melhor me apraz. Posso correr, pular, sentar e deitar, assim como também posso usar meus braços para organizar a minha vida. Os braços invisíveis da mente, entretanto, prendem os de carne, atendendo à ordem dos únicos capazes de mudar isto: nós mesmos.

Permitimos ser controlados, mandados, delegados, não pela chefia do nosso trabalho regular, mas pela chefia da nossa mente. Uma bancada suportada na mentira. Inverdades que habitam o consciente e o inconsciente, criando amarras que só trabalham sob a nossa permissão. Impressiona e entristece saber que o trabalho realizado por elas é dos mais bem feitos. 

Há uma solução. Um remédio tão exemplar quanto óbvio. Quem dele tomar, mudará o rumo da sua vida para sempre. Penso, entretanto, que sua aplicação é diária e seu efeito virá a longo prazo. Uma espécie de PROZAC® para a coragem de lutar na vida. Uma esperança para quem já desceu do ringue da existência. E o remédio é este: fazer o contrário.

Sim, dileto leitor. Perceba o que foi dito: FAZER. Temos esta escolha. As mentiras acumuladas só trabalham sob a nossa permissão. Nós somos os presidentes da república das nossas ações. Significa dizer que qualquer projeto da mente só pode ser sancionado mediante à nossa decisão. Somos o que nos permitimos ser. Não há amarras tão fortes quanto a nossa força de vontade.

Fazer o contrário significa ousar. Se a mente diz que não posso, ouso pensar que posso. Se a mente diz que não sou inteligente o bastante, ouso pensar que sou mais até do que penso ser. Em todo caso, uso a mente. Permito pensamentos que ocupem o lugar dos negativos. Coloco as inverdades nos seus devidos lugares: os arquivos mortos do meu subconsciente.

Há uma longa estrada pela frente. Um caminho pelo qual faço questão de andar a pés descalços, para então sentir tudo o que ele me proporciona. Aproveito cada minuto desta jornada rumo à emancipação do pensamento, pois de acordo com certa passagem dita por alguém sábio o bastante, a jornada é que nos deixa felizes, e não o destino. Coragem para lutar. Luta para vencer. Vitória para viver.