segunda-feira, 25 de junho de 2012

Ler.


Eu não sei o que me deu de uns tempos para cá. Uma coceira nos globos oculares, um negócio que corre dentro de mim. Alguma coisa que eu não sei bem explicar como e por que acontece. Me esforço ao máximo para traduzir em palavras, mas não é fácil, nem isto, nem o ato em si que me deixa desse jeito. Estou falando de ler.

Leitura, mesmo. Não sei por que, ando devorando um livro atrás do outro. Não foi sempre assim. Houve um tempo em que eu fugia de qualquer tipo de literatura. Não sabia o que estava perdendo. Acho que agora entendo, por mais idiota que possa ser essa conclusão, por que leitores lêem. Sinto-me estúpido, neste exato momento.

O ato de ler é maravilhosamente mágico. Mostra o poder que foi dado a nós, seres humanos, de processar as informações. Tornar real, ainda que na mente, aquilo que está em letras, nas brancas páginas de um empilhado de folhas de papel. Parece a criação real de um mundo onde tudo é possível, dentro da cabeça. 


A leitura traz conhecimento, diversão, criação, imaginação. Traz à superfície seres que você jamais pensou existir e, graças à capacidade que temos de processar o que está ali escrito, ganham cor, forma, vida. Situações as mais diversas tornam-se fantasmas imaginários que dançam na mente de quem os lê. É quase um universo paralelo, fantástico e arrebatador.

Não só de fantasia é feita a leitura, porém. Graças a ela, também podemos nos informar mais, saber mais, conhecer mais e ensinar mais. Conseguem imaginar uma faculdade sem livros? Ou uma internet sem palavras? Um jornal sem letras? Fico agoniado só de pensar nisso. Tantas informações que seriam perdidas se nada disso existisse.

Ler é fácil? Não. Ainda mais quando o texto é daqueles bem antigos e rebuscados. A pessoa pena para entender a mensagem que o autor quer transmitir. Há quem consiga, ainda que na base da repetição. Mas há também aqueles que desistem ao primeiro olhar. Confesso que já fiz parte deste ultimo grupo. Vejo hoje que basta só um pouco de paciência e a mensagem surge diante dos olhos.


E uma vez que você pega gosto pela leitura, creio eu que seja difícil largá-la. De tão encantadora, ela o prende, de modo que torna o leitor escravo de seus caprichos. É uma escravidão boa, ao contrário das que já conhecemos das aulas de história. Não nos torna necessariamente presos, mas livres. Escravos livres. Que paradoxo! 

Mas livres para quê? Para sonhar e aprender. Sonhamos com tudo aquilo que nossa mente é capaz de formar. Aprendemos tudo que nosso imaginário processa. Imaginar é o segredo. O cérebro é uma dádiva que nos permite pensar tudo o que quisermos. Qualquer coisa, sem exceção. Infelizmente, muitos o usam para fins malignos. Quanto a esses, não perco meu tempo escrevendo sobre.

E aí, vem algo paralelo, que todo leitor gosta de fazer: escrever. A escrita vai além de apenas imaginar. Oferece a oportunidade de criar algo. Torná-lo pseudo-tangível. Quase real, embora não de fato. É a possibilidade que se cria de outro alguém viajar naquilo que pertence ao seu pensamento. Aquilo que sai de você, habitando a mente do outro. É fantástico.

Quero ler mais, todos os dias. Não consigo mais ficar longe de um livro. Não me imagino mais sem algum texto para processar e interpretar. Não sei mais o que é ficar um dia sem saber o que aconteceu com aquele Rei beberrão, ou com aquela princesa dos dragões. É paixão. É descoberta de uma nova realidade, que cresce dentro de mim e me surpreende dia após dia.

Ótima semana e boas leituras. =)


segunda-feira, 18 de junho de 2012

Aprender.

Sou aluno de um curso de pós-graduação em Gestão da Educação numa faculdade particular aqui do Recife. Tenho aulas todas as quartas e sábados. Embora ache insuficiente, fico quase que esperando que os dias cheguem, por dois motivos: o primeiro, para que eu possa aprender mais sobre o assunto, que me fascina; o segundo, bem...para que passe logo e seja um dia a menos de curso.

Eu explico. O lance é que eu sou louco por educação. Desde que paguei, por engano, uma cadeira sobre o assunto na faculdade de Biologia, fiquei alucinado pelo tema. De repente, alguma coisa finalmente fez sentido para mim. Percebi que é graças à educação, seja ela de casa ou da escola, que somos o que somos hoje. E vi nisso o meu futuro. Nasci para instruir. Sobretudo, porém, para aprender.

E aprender é difícil. E chato, muito chato. Quando sei que vou passar 7 horas de um sábado dentro de uma sala de aula discutindo sobre um assunto só, minha reação não é outra senão preguiça. Sinto vontade de ficar em casa, sair, fazer qualquer coisa, menos ir à aula. É contraditório? Sim. Mas como pode ser, se eu sou fascinado pelo assunto? É possível gostar e não gostar ao mesmo tempo?


Depende. É comum o desinteresse que se tem por aulas. A ansiedade por sair da sala, querer fazer qualquer outra coisa, que não seja assistir àquilo. Isso se passa em qualquer colégio, faculdade ou curso técnico. O motivo é muito simples: os alunos estão cansados. Cansados desse formato enfadonho, repetitivo, rotineiro. A sala de aula é um espaço fantástico, maravilhoso. E chato.

Não só para os alunos. Também, e principalmente, para os professores. São eles os comandantes do local, aqueles que tem a primeira voz. Sem essa hipocrisia de que "professor e aluno são um só, e blablabla." Em qualquer colégio do mundo, o professor É autoridade dentro de sala. Infelizmente, essa autoridade não é respeitada, fazendo com que o professor tenha muita dificuldade em lecionar.

Essa dificuldade gera desmotivação. Desmotivado, o professor se boicota. Ruim para ele, pior para os alunos. Estes, em contrapartida, aumentam o tom da conversa, pioram as piadas e pouco se importam com o assunto a ser ensinado. Percebeu o círculo vicioso? Se não aqui, lembre-se da sua infância, na sala de aula. Para quem nasceu nos anos 90, o que descrevi acima é bem familiar.


Por que isso acontece? Há muitos motivos, a maioria dos quais não vou pôr nesta postagem, para justamente enfatizar apenas um deles, bastante simples e direto: o formato do ensino atual. Pense bem: 70 alunos por sala, dispostos em fileiras, e um professor lá na frente, expondo um ou mais assuntos em 50 minutos, para que haja fixação do conteúdo pelos educandos.

Percebeu o que eu escrevi? Fixação. Onde está a aprendizagem? Para onde ela foi? Para qualquer lugar, menos para a sala de aula. Não existe mais aprendizagem nas escolas secundaristas do país. O que existe é uma gente tão preocupada com o futuro que boicota o aprender e enfatiza o memorizar, a fim de "ser alguém na vida, passar no vestibular, ir à universidade, rapar a careca, tirar a sobrancelha."

Temos estudantes brilhantes, cada um à sua maneira. Pessoas as quais a escola não presta atenção, por não serem o modelo de alunos que querem que sejam. Temos professores geniais, que se boicotam e usam apenas 1% de sua capacidade. Tudo isso por termos um padrão de ensino que preza pelo depósito de conteúdos, e nada mais. Um padrão ultrapassado, velho, engessado e extremamente aborrecedor.


Por isso que eu conto as horas para que a aula acabe. Minha mente fica absolutamente entediada com tudo isso. Não que eu não goste de estar em sala. É só que, nessas condições, fica muito chato. Tenho alunos que se comportam da mesma forma que eu. Procuro não recriminá-los. Pois o que pedem é nada, além de valorização. Toda a comunidade escolar pede isso, aliás. E não tem. Não nos dias atuais.

Boa semana!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Desesperadamente


Dia desses, li um livro que falava sobre a felicidade. Era interessante o modo como o autor abordava o tema, sempre falando dos grandes filósofos da antigüidade. Nota-se que, desde aquele tempo, havia uma preocupação com o "ser-feliz." Queriam atingir o patamar da plena satisfação pela vida. Diziam: a felicidade é o desejo, e só se deseja aquilo que não se tem. Logo, é impossível ser feliz.

Mais à frente, o mesmo livro vai dizer que, na verdade, não se deseja somente aquilo que não se tem. Esta ânsia por coisas que não temos chama-se, na realidade, esperança. O desejo é algo mais concreto, palpável. Exemplo: neste momento, desejo estar sentado em meu escritório, escrevendo no meu blog. E estou fazendo exatamente isso! Logo, meu desejo está sendo realizado neste momento.

Entre outras coisas que a obra vai abordar, a idéia acima é seu carro-chefe. Achei interessante porque explica como podemos ser felizes sem esperar por nada mais na frente. Sem querer tornar este um post de auto-ajuda, tenho o desejo de expressar algo que está fazendo a diferença no meu dia-a-dia. O livro foi responsável pela minha mudança de comportamento nos últimos meses.

Passei a ler mais. Leituras diversificadas, mas principalmente sobre educação, gestão e outras coisas que dizem respeito ao meu trabalho. Aprendi que não preciso esperar ganhar um milhão de reais e/ou ter casa, carro e bens para ser, de fato, feliz. Embora seja indispensável construir a própria vida no que diz respeito à independência, ela não é o motivo principal para a felicidade.


A verdadeira felicidade vem de forma desesperada. Não no sentido de pânico, agonia ou afobação. É no sentido de não esperar. Des-esperadamente. Não é preciso esperar por coisas que não temos para, então, ser feliz. Dessa forma, não seremos felizes nunca. Quando conseguirmos o que queremos, o vazio não será preenchido, e logo vamos em busca de outra coisa. E segue assim, eternamente.

Quando se é feliz desesperadamente, entretanto, não há o que querer. Só há o momento, aquele instante. Coisas pequenas, ao seu redor, te mostram do que é feita a felicidade. Uma chuva que cai, o ar que entra nos pulmões, a visão do mundo e, logo, o seu processamento. Quem é você? Ninguém além de você, agora, vivo e ativo, processador de cada segundo.

O impacto foi forte quando me deparei com essa verdade. Vi o quanto estamos apegados ao consumo de coisas que vão se deteriorar mais na frente. Mas não só isso: pude ver que nunca atingimos aquele patamar que tanto queremos, mesmo ao consumir tais coisas. É um circulo vicioso, um poço sem fundo. Enxugar o gelo, na esperança de que um dia ele fique seco, é no mínimo tolice das grandes.

Não quero ser hipócrita e dizer que não gosto das minhas coisas, de dinheiro, ou do que quer que seja. Lógico que gosto. O dinheiro é um instrumento de poder que vai me trazer conforto mais na frente. Meus supérfluos são divertidos e possuí-los me deixa contente, mas não feliz. Felicidade não depende disso. Sendo clichê ao extremo, não é o ter que vai me fazer feliz, é o SER.


Ser o quê? Ninguém além de mim mesmo. Tenho um poderoso e vitalício instrumento, chamado Corpo Humano. Sou provido de braços, pernas, entranhas e cérebro. Este último, uma dádiva. Graça divina. Nada mais tenho que fazer, a não ser desenvolver tudo que tenho, obter mais e mais conhecimento de mim mesmo e do mundo e fazer jus ao que me foi dado: o pensar.

E penso. Até demais. Só tinha que substituir os pensamentos que, antes, estavam me destruindo por dentro. Hoje, penso melhor. Na minha mente, procuro selecionar meus pensamentos. Coisas boas de um lado, lixo de outro. Há alguns lixos que insistem em fazer morada. Não permito e não permitirei mais que tal coisa aconteça. Afinal, quero ser feliz. Desesperadamente.

Ótima semana!