segunda-feira, 11 de junho de 2012

Desesperadamente


Dia desses, li um livro que falava sobre a felicidade. Era interessante o modo como o autor abordava o tema, sempre falando dos grandes filósofos da antigüidade. Nota-se que, desde aquele tempo, havia uma preocupação com o "ser-feliz." Queriam atingir o patamar da plena satisfação pela vida. Diziam: a felicidade é o desejo, e só se deseja aquilo que não se tem. Logo, é impossível ser feliz.

Mais à frente, o mesmo livro vai dizer que, na verdade, não se deseja somente aquilo que não se tem. Esta ânsia por coisas que não temos chama-se, na realidade, esperança. O desejo é algo mais concreto, palpável. Exemplo: neste momento, desejo estar sentado em meu escritório, escrevendo no meu blog. E estou fazendo exatamente isso! Logo, meu desejo está sendo realizado neste momento.

Entre outras coisas que a obra vai abordar, a idéia acima é seu carro-chefe. Achei interessante porque explica como podemos ser felizes sem esperar por nada mais na frente. Sem querer tornar este um post de auto-ajuda, tenho o desejo de expressar algo que está fazendo a diferença no meu dia-a-dia. O livro foi responsável pela minha mudança de comportamento nos últimos meses.

Passei a ler mais. Leituras diversificadas, mas principalmente sobre educação, gestão e outras coisas que dizem respeito ao meu trabalho. Aprendi que não preciso esperar ganhar um milhão de reais e/ou ter casa, carro e bens para ser, de fato, feliz. Embora seja indispensável construir a própria vida no que diz respeito à independência, ela não é o motivo principal para a felicidade.


A verdadeira felicidade vem de forma desesperada. Não no sentido de pânico, agonia ou afobação. É no sentido de não esperar. Des-esperadamente. Não é preciso esperar por coisas que não temos para, então, ser feliz. Dessa forma, não seremos felizes nunca. Quando conseguirmos o que queremos, o vazio não será preenchido, e logo vamos em busca de outra coisa. E segue assim, eternamente.

Quando se é feliz desesperadamente, entretanto, não há o que querer. Só há o momento, aquele instante. Coisas pequenas, ao seu redor, te mostram do que é feita a felicidade. Uma chuva que cai, o ar que entra nos pulmões, a visão do mundo e, logo, o seu processamento. Quem é você? Ninguém além de você, agora, vivo e ativo, processador de cada segundo.

O impacto foi forte quando me deparei com essa verdade. Vi o quanto estamos apegados ao consumo de coisas que vão se deteriorar mais na frente. Mas não só isso: pude ver que nunca atingimos aquele patamar que tanto queremos, mesmo ao consumir tais coisas. É um circulo vicioso, um poço sem fundo. Enxugar o gelo, na esperança de que um dia ele fique seco, é no mínimo tolice das grandes.

Não quero ser hipócrita e dizer que não gosto das minhas coisas, de dinheiro, ou do que quer que seja. Lógico que gosto. O dinheiro é um instrumento de poder que vai me trazer conforto mais na frente. Meus supérfluos são divertidos e possuí-los me deixa contente, mas não feliz. Felicidade não depende disso. Sendo clichê ao extremo, não é o ter que vai me fazer feliz, é o SER.


Ser o quê? Ninguém além de mim mesmo. Tenho um poderoso e vitalício instrumento, chamado Corpo Humano. Sou provido de braços, pernas, entranhas e cérebro. Este último, uma dádiva. Graça divina. Nada mais tenho que fazer, a não ser desenvolver tudo que tenho, obter mais e mais conhecimento de mim mesmo e do mundo e fazer jus ao que me foi dado: o pensar.

E penso. Até demais. Só tinha que substituir os pensamentos que, antes, estavam me destruindo por dentro. Hoje, penso melhor. Na minha mente, procuro selecionar meus pensamentos. Coisas boas de um lado, lixo de outro. Há alguns lixos que insistem em fazer morada. Não permito e não permitirei mais que tal coisa aconteça. Afinal, quero ser feliz. Desesperadamente.

Ótima semana!

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