domingo, 18 de outubro de 2015

Ofício.



Afinal de contas, o que é ser professor? Que profissão é esta que, dia após dia, ganha e perde profissionais? Bem, eu sou um deles, e estou no ramo há singelos dois anos. Pouco tenho para compartilhar sobre a luta que é entrar numa sala de aula e ser responsável pelo processo educativo de dezenas de crianças e adolescentes. Diariamente, testemunho vidas sedentas por coisas novas, jamais antes exploradas por seus lindos e tenros sentidos. 

O que é ser professor? Não sei.

Sério! Não sou a pessoa mais qualificada para responder esta pergunta. E a explicação é simples: Após dez anos de formatura, inúmeros livros e algumas pesquisas acadêmicas, chego à conclusão de que a prática é oposta ao que absorvi e processei nos anos de graduação. Lindas teorias cintilando nas páginas gastas de livros pegos na biblioteca da faculdade - e entregues meses depois, sob o alto preço do esquecimento deliberado - ensinaram algo diferente do que vejo a cada manhã.

Haveriam os teóricos mais célebres errado em suas conclusões? Estaria eu zombando de suas pesquisas? Receio que não, na verdade. O que penso acontecer, no cenário presente hoje, é uma mudança de paradigmas e valores decorrente do processo evolutivo pelo qual o mundo passa a cada geração. Desculpe, estou falando besteira: na verdade a evolução acontece a cada segundo. Quer uma prova? Atualize sua página do Facebook.

Os dias passaram a ter não vinte e quatro horas, mas vinte e quatro minutos.

Um fator determinante chamado Tecnologia invadiu a realidade das pessoas. Posso exemplificar: como professor de inglês, tenho à minha disposição, em uma das instituições onde trabalho, um carrinho contendo um aparelho de transmissão de imagem via Bluetooth - Apple TV, um DataShow e um iPad. 100% dos alunos possuem um Smartphone com plano de dados para internet, o que lhes permite uma rápida verificação do conteúdo ensinado em sala, após o horário de aula.

Em casa e na escola, a grande maioria dos estudantes dispõem de conexão Wi-Fi, servindo-lhes como alternativa ao uso de internet 4G, Professores também fazem uso da internet como recurso Sine Qua Non para preparação de suas aulas, baixando vídeos, passando conteúdos preparados em Power Point para outros docentes ou para suas próprias caixas de entrada. Profissionais criam grupos de conversa no WhatsApp para tratar de assuntos de trabalho e repassar arquivos, e assim também fazem os alunos.

Ela jamais anda para trás. A tecnologia acontece em aceleração constante.

Sendo isto inargumentável - ou não, nunca se sabe - surge na minha mente curiosa a seguinte pergunta: estamos nós, educadores, com os dias contados? Faculdades as mais renomadas hoje contam com um sistema de ensino totalmente diferente do tradicional, onde não há mais professores, mas apenas tutores ou monitores, que tão somente facilitam os alunos em suas descobertas. Teremos, no futuro, instituições de ensino sem docentes?

Acho difícil.

Não falo impossível, pois não consigo prever o mundo futuro. Posso imaginar, calcular e teorizar, mas jamais afirmar como seremos nós em dez, vinte anos. Entretanto, depois de muito estudo, aprendi que nós, seres humanos, apenas mais um dentro de uma grande rede de seres vivos, somos criaturas dependentes de condução. Há, em nós, um certo Complexo de Minion - sim, aqueles seres amarelinhos do cinema - que nos leva, como eles, a procurar um LÍDER.

É aí que entra o professor. Professores são, em suma, líderes. Formadores de opiniões, condutores, motivadores. Conhecem a estrada, sabem onde pisar e evitar. Desejam transmitir o que receberam ao longo de anos de estudo. Tomam a palavra - Daí o termo PROFESSOR (falar antes) - para organizar os pensamentos dos estudantes. Não à toa, estes se sentem muito mais a vontade na presença de quem conhece o território inóspito para eles desconhecido.

Talvez, e apenas talvez, professor seja sinônimo de luz.

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