segunda-feira, 25 de abril de 2011

Capital.


Eu vou postar hoje no meu quarto, mesmo. Tô deitado na cama, ouvindo Arnaldo Antunes falando "mão, pé, perna, braço, pneu, carro, umbigo, ande sem camisa" e bagunçando a mente pra ver se há alguma idéia que valha a pena escrever sobre. Confesso que a cabeça hoje tá vazia, pois desliguei o cérebro esse fim de semana, totalmente. Por uma excelente causa.

LOS ANGELES! Hollywood. Jamais pensei que fosse parar ali um dia na minha vida. Maravilhoso. Fantástico. Confesso, não deu pra ver a cidade da maneira como eu gostaria. Mas mesmo assim, valeu muito a pena. Nada com um fim de semana junto de amigos num lugar fantástico como aquele. Nos concentramos em dois lugares em especial: Universal Studios e Disneyland. Parques, parques, PARQUES! 10 anos se passaram desde que eu fui na Disney World, na Florida. No momento em que entrei nos brinquedos, nos dois parques, ocorreu-me um fenômeno chamado Memória Olfativa.

O cheiro daquilo ali. Literalmente, o cheiro do brinquedo, me leva de volta pra 2001 quando eu tinha 14 anos e senti a magia desses parques pela primeira vez. Não tem como explicar. É um lugar onde você esquece todos os seus problemas, todas as decisões que ainda precisa tomar, praticamente toda sua identidade, e entra num mundo onde os efeitos especiais e os cenários brincam com sua mente. Meu amigo se mijava de rir do meu lado, dizendo "Você é mais frouxo do que eu desviando das coisas em 3D no cinema." Mal sabia ele que eu estava gostando e querendo ser frouxo, naquele momento.

Fui em tudo. Montanhas Russas, foguetes, incontáveis cinemas 3D, Space Mountain, Toy Story, etc. O que mais me marcou, no entando, não foram tanto os brinquedos. Claro, eles foram toda a diversão, toda a razão pela qual eu estava ali naquele lugar. Mas uma coisa em especial me cativou, como nunca antes: na Universal, eu estive, literalmente, nos cenários de filmes como Todo-Poderoso e (inacreditável) De Volta Para o Futuro. EU VI O DELOREAN...O original, o que Michael J. Fox e Christopher Lambert dirigiram no filme. Eu mal podia acreditar no que estava acontecendo...

A essa altura eu já escuto os comentários de vocês, alias, O comentário: CADÊ AS FOTOS? Calma, elas já vem. Sabe como é, quando a câmera é dos outros, você precisa ter paciência. A preguiça é burocrática pra todo mundo, e pra passar por ela é uma novela. Mas passa. E aí eu mostro tudo. Sem trocadilhos, por favor.  :) obrigado. Inesquecível, outra palavra não tenho pra descrever o que aconteceu nesse fim de semana.

Tá bom, o que é que esse papo todo tem a ver com o título do post? Capital? E por que o dinheiro formando um coração ali em cima? O negócio é que eu quis aproveitar o que aconteceu esse fim de semana e trazer algo pra mesa. Tá, tudo foi muito bom, muito magico, encantador...mas me custou mais de 150 dólares. Isso mesmo. Teve um preço, e o preço foi alto pra cacete.

Dinheiro compra felicidade? Sim ou não? Eu fui feliz nesses 2 dias. E muito, posso dizer. Só que, ontem, no fim do expediente no parque, teve uma queima de fogos, e um espetáculo maravilhoso chamado World of Color (Mundo das Cores), no qual se tem uma espécie de dança das águas com efeitos de cores, e uma musica de encher os ouvidos e fazer chorar. Eu quase chorei. Fiquei preso à magnitude daquele acontecimento artificial.

A grande questão é: Se isso me fez feliz, e fez tantas outras pessoas felizes também, por aquele momento da noite, então a felicidade tem, de fato, um preço? Porque a Disney trabalha com a emoção, e investe MUITO pesado nisso. Ouso dizer que a estratégia da Igreja Universal é muito parecida. Isso porque ambas as empresas puxam o cliente da seguinte forma: prometendo alegria, maravilhando-os com espetáculos audiovisuais, arrancando lagrimas e fazendo novos devotos todos os dias. O principal: ganham FORTUNAS com essa estratégia.

Não sou contra o marketing da emoção. Acho ótimo conquistar fiéis à marca e fazer com que eles se sintam identificados com essa ou aquela companhia. Sendo que, para tudo na vida, existe moderação, equilíbrio, balanço. Algo que eu testemunhei ontem na Disney (em meio ao absurdo das cores indo prum lado e pro outro por entre as águas) foi o exagero em se falar de um mundo mágico, um reino da fantasia, como se ali fosse a terra prometida, o oásis do imaginário, um lugar onde "os sonhos se tornam realidade", como diz o slogan do parque.

Bronca é saber que os sonhos de felicidade e alegria interminável tem um preço, de acordo com os parques. Significa então que pessoas ao redor do mundo jamais serão felizes, pois não podem pagar por isso, e nem nunca poderão. Políticos ladrões e mercenários os mais diversos poderão sim ser felizes, e comprar seus "passaportes da alegria" quando quiserem. E a lógica é muito simples: sempre terão os recursos necessários pra isso. Dinheiro, ué. É só pagar 250 dólares no passaporte anual e pronto: sua felicidade e alegria eterna já estão garantidas.

Passa-me pela cabeça se a gente não inverteu os valores um pouquinho. :) É, só um pouco. Talvez felicidade não seja, portanto, estar perto de quem se ama, ou abraçar o seu cachorrinho quando ele vem correndo te receber na porta. Ou então, felicidade não é jamais aquele sábado onde você senta com seu pai na varanda pra tomar uma cerveja e conversar sobre coisas sem sentido. Muito menos ainda quando você almoça ao Meio-Dia, junto da família, com a televisão passando Jornal Hoje no fundo da cozinha. Não, amigos. Isso não é felicidade. Felicidade custa caro. E se você quiser tê-la, vai ter que enriquecer.

11:21pm. Vou tomar banho e comer. Até mais ver :) (rimou, eu sei. Foi sem querer...)

Pra ouvir enquanto faz xixi (rimou de novo...):
Arnaldo Antunes - Essa Mulher

3 comentários:

  1. Reis, deve ter havido algum tipo de confusao. O nome d isso nao e felicidade...eh futilidade ;)

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  2. tas vendo
    felicidade custa caro!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  3. Concordo com Victor nesse sentido.
    Gastar 150 dólares pra ver o DeLorean de perto, e os bonequinhos de Toy Story é bronca............

    Enfim... Não se pode confundir alegria passageira e superficial com felicidade, que é plena e perene. É que nem uma injeção de heroína, ou comer sushi.

    Esse sentimento que tu experimentou foi só uma prova de que a "magia" deles surtiu efeito em tu. Eu, no teu caso, ficaria triste em saber que fui vítima, ludibriado pela indústria do entretenimento, glamour e brand names... :(

    Baixa o documentário Starsuckers depois.

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